segunda-feira, 15 de abril de 2013

Quem quer ter Hugo Viana?


Decorria o ano de 2001 quando Hugo Viana se estreou no futebol profissional, com a camisola do Sporting. Um jovem com um fantástico pé esquerdo, com um número curioso (com que fez carreira) e sem responsabilidades de rápida maturação, pois estava integrado com jogadores como Paulo Bento, João Pinto e Pedro Barbosa. Na sua primeira época, afirmou-se no futebol. Após 21 jogos como titular no campeonato, um campeonato e uma taça conquistados, transferiu-se para Inglaterra. Passou por lá duas temporadas, sempre pouco utlizado. Regressou a Alvalade na (quase) fantástica época de 2005, onde sob o comando de Peseiro foi peça-chave na equipa que chegou à final da UEFA. No final da temporada, nova transferência, desta feita para Espanha. Quatro épocas entre Valência e Osasuna, antes do regresso definitivo a Portugal.

Há quatro temporadas consecutivas é titular em Braga, com qualquer técnico que lá passe. É essencialmente um jogador de posse e equilíbrios, sempre bem posicionado, a criar linha de passe e atento à baliza adversária, é dos jogadores com melhor meia distância. Além disso, é exímio em bolas paradas. No Braga atual, mais ofensivo que nos últimos anos, joga entre o trinco e o “10”, normalmente Custódio e Micael/Mossoró. É ali que se sente confortável, a ver o jogo de trás, fazer circular até ao momento de arriscar. Tem corrido bem a época (tem sido injustiçado por Paulo Bento), está provavelmente na melhor fase da carreira (em termos de reconhecimento da sua qualidade de jogo, é unânime na imprensa) e em final de contrato. Vai ser um dos jogadores mais requisitados do mercado, mas para bem da sua carreira e da sua presença no Mundial é bom que fique por Portugal. A continuidade em Braga não parece fazer parte das opções (as lágrimas de sábado não foram obra do acaso) e Viana está na altura de fazer o contrato de carreira.


Apesar de ser pouco provável Vítor Pereira continuar no Porto, o 4x3x3 é o sistema clássico do dragão. Atualmente, VP conta com Fernando, Moutinho, Lucho, Castro, Defour e Izmailov, com Tozé à espreita de uma oportunidade. No verão, a sair alguém, será Moutinho (pouco provável). Ingressando Viana nos azuis e brancos (terá um treinador que já o conhece…) terá vida difícil para ser opção frequente: Moutinho e Fernando são indiscutíveis, Lucho, apesar de não apresentar o fulgor de antigamente, continua a bom nível e Defour revelou uma grande evolução tendo em conta a época passada.


PRÓS: Possibilidade de integrar uma estrutura ganhadora, com fase de grupos da Champions garantida e, claro, visibilidade. O sistema tático favorece o seu futebol e não existe um médio esquerdino no clube.

CONTRAS: O elevado número de opções para o meio-campo tem de ser uma preocupação para o “45”,  é muito improvável que faça 90 minutos regularmente.


Normalmente o Benfica joga com dois médios, um pivot defensivo (Matic) e um jogador de características mais ofensivas (Enzo), sendo que só em jogos em que é preciso maior contenção/controlo passa a um 4x3x3, com a inclusão de um médio-centro (André Gomes ou André Almeida). Ponto prévio: não se pense que Viana poderá substituir Matic, a saída do sérvio terá de ser obrigatoriamente compensada. Tendo em conta apenas os médios-centro e ofensivos, JJ terá na próxima temporada Enzo, André Gomes, Martins (?) e Djuricic. Com dois médios, Viana teria de ser o responsável pela organização do ataque, praia que não é a sua. No futuro Benfica, só vejo uma possibilidade para Viana: o 4x3x3, sendo o elemento de ligação entre Matic e Enzo/Djuricic.

PRÓS: É um jogador da confiança de Jesus, integrado no sistema tático correto seria titular absoluto numa equipa que disputará a fase de grupos da Champions.

CONTRAS: Em 85 % dos jogos da época, JJ opta por jogar com dois médios (o tal pivot defensivo e o elemento ofensivo) e, na medida que não vejo Viana como trinco, a jogar mais à frente no terreno (apesar de não jogar mal) a diferença de rendimento que apresentaria em comparação do Djuricic (grande jogador, daqueles que possivelmente só estará um ano em Portugal) relegava-o para segundo plano em termos de equipa.


Em Alvalade contar com Jesualdo para o projeto a longo prazo do clube é uma prioridade. Num plantel em profunda remodelação, o meio-campo será um dos sectores reformulados. Se Rinaudo é indiscutível, os dois médios à sua frente têm tido utilização rotativa. Dier foi adaptado para dar segurança, Adrien não convence, André Martins vem subindo de forma, Labyad é uma incógnita e Schaars está de saída. Em condições normais, o holandês é titular absoluto nos leões, mas face aos cortes a efetuar no clube, é um dos que tem guia de marcha. E quem mais parecido com ele que Hugo Viana? São semelhantes em todos os momentos do jogo, chego a arriscar que Viana se destaca pelas bolas paradas. Voltando ao clube que o formou, seria Viana + 10.

PRÓS: A titularidade seria garantida se mantiver o nível de jogo que tem apresentado. Seria o substituto natural de Schaars, e, conhecendo bem a casa, não seria de excluir inclui-lo no grupo de capitães.


CONTRAS: A impossibilidade de participar na Europa e de lutar pelo título é uma carta que não abona a favor dos leões.

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