quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sub-20, a Geração Conquista?


Portugal inicia hoje a sua participação no Mundial Sub-20, a realizar na Turquia entre 21 de Junho e 13 de Julho. Num torneio onde historicamente despontam grandes talentos para o futebol profissional, Portugal é das equipas com melhores desempenhos desde a primeira edição da prova. Além de ser atualmente o vice-campeão mundial (perdeu a final em 2011 frente ao Brasil), a seleção portuguesa conquistou a prova por duas vezes, em 1989 (Paulo Sousa, Fernando Couto, ...) e 1991 (Figo, Rui Costa, João Pinto). Decorrente do não apuramento do Brasil, Portugal apresenta-se na Turquia como um dos grandes favoritos à final da prova.


Geração extremamente talentosa mas (ainda) sem glória

Portugal chega a este Mundial por via do terceiro lugar no Grupo A do Euro 2012 Sub-19, competição onde esta mesma geração desiludiu por completo ao não conseguir o apuramento para as meias-finais. Dos 18 convocados para esse torneio, 13 constam na lista de 21 que vão à Turquia.



Recentemente, e em jeito de preparação para este Mundial, Portugal alcançou o quarto lugar no Torneio de Toulon. Apesar de ter sido uma posição respeitosa, a intranquilidade da equipa nos momentos finais do jogo e a dependência de João Mário foi preocupante. Utilizando a competição para obsevar os jogadores em situação “real” de jogo (e daí alguma irregularidada exibicional e falta de rotinas), Edgar Borges divulgou os convocados uns dias depois do término do torneio, deixando de fora a referência atacante desta geração ao longo de todos os escalões: Betinho.  

O avançado do Sporting apresentou-se em Toulon a um nível muito baixo, transparecia que andava em campo contrariado. Numa primeira fase, foram chamados para avançados Aladje (grande surpresa em Toulon, talvez Edgar Borges não espera-se uma afirmação tão rápida) e Gonçalo Paciência. Porém, este último lesionou-se e o seleccionador chamou... um extremo (Ivan Cavaleiro) para o substituir. De resto, uma convocatória normal e sem grandes surpresas. Talvez não convocasse Dabo (Cancelo é o dono da lateral direita, e tanto Ié como Esgaio podem desempenhar a posição) e incluisse mais uma opção para o ataque (aqui sim, sugeria Ivan Cavaleiro).


Jogar em 4x3x3 com a referência no centro de jogo

Das poucas rotinas observáveis em Toulon, um aspecto saltou à vista: é João Mário que coordena todas as acções de jogo, seja a nível defensivo (quase sempre o primeiro a sair em pressão) ou ofensivo (deve ser o jogador que mais toca na bola durante todo o jogo,  quando a equipa ganha a bola a principal preocupação é colocar em João Mário). Outro fator positivo observado está relacionado com o aproveitamento (ofensivo) dos lances de bola parada, onde Aladje se assume como referência.
José Sá será o guarda-redes titular, foi o que ofereceu mais garantias em Toulon e vem de uma época em que competiu com bastante regularidade.

Na defesa, Cancelo e Kiko são laterais que se envolvem com facilidade nos movimentos ofensivos (mais o benfiquista), fortes no cruzamento e com facilidade de drible. Ilori e Tiago Ferreira são jogadores com caracteristicas distintas, mas que se complementam. Enquanto que o primeiro é forte na saída de bola e na dobra (em ambas as laterais), o portista fica sempre responsável pela marcação ao avançado (se jogar com apenas um), onde a sua capacidade de antecipação e marcação se revelam.

No centro, outra das revelações de Toulon. No Belenenses passou uma época na sombra, chegou à seleção como sombra de Agostinho Cá. Com este a um nível sofrivel, Ricardo Alves aproveitou todos os minutos para se afirmar como trinco desta seleção, emprestando a sua capacidade de física e de passe ao coletivo (estilo muito parecido com Miguel Veloso). Apesar de apresentar na figura dois médios à frente do trinco, João Mário forma muitas vezes uma linha de dois com Ricardo Alves, apenas em movimentos ofensivos. Sobre João Mário, pouco existe a acrescentar. Apenas referir que tem corrigido a sua principal lacuna, a falta de agressividade na recuperação de bola. Responsável pelo “último toque” está Tiago Silva, uma das revelações da II Liga e figura do Belenenses. Muito dotado tecnicamente, aparece com facilidade em zonas de finalização.  

Por último, os atacantes. Bruma é o fantasista, o craque que cria oportunidades e finaliza sozinho.  Esgaio o operário, aquele jogador que apesar de não entrar em loucuras, é extremamente eficaz e cumpridor. Não entram em campo com alas defininidas, mas quando jogaram juntos no Sporting B a equipa rendia mais quando Bruma jogava na esquerda e Esgaio na direita. Aladje é o típico pinheiro, fortissimo nas bolas aéreas (situação muito utilizada nos lançamentos de guarda-redes e defesas, onde ganha a primeira bola em função do posicionamento de Tiago Silva) e limitado com a bola nos pés, situação que insiste em repetir durante o jogo.


Chegar longe não é um objectivo, é uma obrigação

Portugal foi a seleção com mais sorte no sorteio. Além de ter ficado num grupo extremamente acessível (não consumar 9 pontos será uma desilusão), o adversário nos oitavos será o melhor terceiro classificado. Na ronda seguinte, o adversário mais complicado poderá ser a Inglaterra. Só nas meias-finais Portugal poderá encontrar um favorito. Por falar neles, além de Portugal também Espanha (Suso, Delofeu, Jese) e França (Pogba, Kondogbia) se apresentam na Turquia com conjuntos muito fortes. E atenção ao México (Corona).

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