Decorria o ano de 2001 quando
Hugo Viana se estreou no futebol profissional, com a camisola do Sporting. Um
jovem com um fantástico pé esquerdo, com um número curioso (com que fez
carreira) e sem responsabilidades de rápida maturação, pois estava integrado
com jogadores como Paulo Bento, João Pinto e Pedro Barbosa. Na sua primeira
época, afirmou-se no futebol. Após 21 jogos como titular no campeonato, um
campeonato e uma taça conquistados, transferiu-se para Inglaterra. Passou por
lá duas temporadas, sempre pouco utlizado. Regressou a Alvalade na (quase)
fantástica época de 2005, onde sob o comando de Peseiro foi peça-chave na
equipa que chegou à final da UEFA. No final da temporada, nova transferência,
desta feita para Espanha. Quatro épocas entre Valência e Osasuna, antes do
regresso definitivo a Portugal.
Há quatro temporadas consecutivas
é titular em Braga, com qualquer técnico que lá passe. É essencialmente um
jogador de posse e equilíbrios, sempre bem posicionado, a criar linha de passe
e atento à baliza adversária, é dos jogadores com melhor meia distância. Além
disso, é exímio em bolas paradas. No Braga atual, mais ofensivo que nos últimos
anos, joga entre o trinco e o “10”, normalmente Custódio e Micael/Mossoró. É
ali que se sente confortável, a ver o jogo de trás, fazer circular até ao
momento de arriscar. Tem corrido bem a época (tem sido injustiçado por Paulo
Bento), está provavelmente na melhor fase da carreira (em termos de
reconhecimento da sua qualidade de jogo, é unânime na imprensa) e em final de
contrato. Vai ser um dos jogadores mais requisitados do mercado, mas para bem
da sua carreira e da sua presença no Mundial é bom que fique por Portugal. A
continuidade em Braga não parece fazer parte das opções (as lágrimas de sábado
não foram obra do acaso) e Viana está na altura de fazer o contrato de carreira.
Apesar de
ser pouco provável Vítor Pereira continuar no Porto, o 4x3x3 é o sistema
clássico do dragão. Atualmente, VP conta com Fernando, Moutinho, Lucho, Castro,
Defour e Izmailov, com Tozé à espreita de uma oportunidade. No verão, a sair
alguém, será Moutinho (pouco provável). Ingressando Viana nos azuis e brancos
(terá um treinador que já o conhece…) terá vida difícil para ser opção
frequente: Moutinho e Fernando são indiscutíveis, Lucho, apesar de não
apresentar o fulgor de antigamente, continua a bom nível e Defour revelou uma
grande evolução tendo em conta a época passada.
PRÓS: Possibilidade de integrar uma estrutura ganhadora, com
fase de grupos da Champions garantida e, claro, visibilidade. O sistema tático
favorece o seu futebol e não existe um médio esquerdino no clube.
CONTRAS: O elevado número de opções para o meio-campo tem de
ser uma preocupação para o “45”, é muito
improvável que faça 90 minutos regularmente.
Normalmente
o Benfica joga com dois médios, um pivot defensivo (Matic) e um jogador de
características mais ofensivas (Enzo), sendo que só em jogos em que é preciso
maior contenção/controlo passa a um 4x3x3, com a inclusão de um médio-centro
(André Gomes ou André Almeida). Ponto prévio: não se pense que Viana poderá
substituir Matic, a saída do sérvio terá de ser obrigatoriamente compensada.
Tendo em conta apenas os médios-centro e ofensivos, JJ terá na próxima
temporada Enzo, André Gomes, Martins (?) e Djuricic. Com dois médios, Viana
teria de ser o responsável pela organização do ataque, praia que não é a sua.
No futuro Benfica, só vejo uma possibilidade para Viana: o 4x3x3, sendo o elemento
de ligação entre Matic e Enzo/Djuricic.
PRÓS: É um jogador da confiança de Jesus, integrado no
sistema tático correto seria titular absoluto numa equipa que disputará a fase
de grupos da Champions.
CONTRAS: Em 85 % dos jogos da época, JJ opta por jogar com
dois médios (o tal pivot defensivo e o elemento ofensivo) e, na medida que não
vejo Viana como trinco, a jogar mais à frente no terreno (apesar de não jogar
mal) a diferença de rendimento que apresentaria em comparação do Djuricic
(grande jogador, daqueles que possivelmente só estará um ano em Portugal)
relegava-o para segundo plano em termos de equipa.
Em Alvalade contar com Jesualdo para o projeto a longo prazo
do clube é uma prioridade. Num plantel em profunda remodelação, o meio-campo será
um dos sectores reformulados. Se Rinaudo é indiscutível, os dois médios à sua
frente têm tido utilização rotativa. Dier foi adaptado para dar segurança,
Adrien não convence, André Martins vem subindo de forma, Labyad é uma incógnita
e Schaars está de saída. Em condições normais, o holandês é titular absoluto
nos leões, mas face aos cortes a efetuar no clube, é um dos que tem guia de
marcha. E quem mais parecido com ele que Hugo Viana? São semelhantes em todos
os momentos do jogo, chego a arriscar que Viana se destaca pelas bolas paradas.
Voltando ao clube que o formou, seria Viana + 10.
PRÓS: A titularidade seria garantida se mantiver o nível de
jogo que tem apresentado. Seria o substituto natural de Schaars, e, conhecendo
bem a casa, não seria de excluir inclui-lo no grupo de capitães.
CONTRAS: A impossibilidade de participar na Europa e
de lutar pelo título é uma carta que não abona a favor dos leões.
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