Portugal
inicia hoje a sua participação no Mundial Sub-20, a realizar na Turquia entre
21 de Junho e 13 de Julho. Num torneio onde historicamente despontam grandes
talentos para o futebol profissional, Portugal é das equipas com melhores
desempenhos desde a primeira edição da prova. Além de ser atualmente o
vice-campeão mundial (perdeu a final em 2011 frente ao Brasil), a seleção
portuguesa conquistou a prova por duas vezes, em 1989 (Paulo Sousa, Fernando
Couto, ...) e 1991 (Figo, Rui Costa, João Pinto). Decorrente do não apuramento
do Brasil, Portugal apresenta-se na Turquia como um dos grandes favoritos à
final da prova.
Geração extremamente talentosa mas (ainda) sem glória
Portugal
chega a este Mundial por via do terceiro lugar no Grupo A do Euro 2012 Sub-19,
competição onde esta mesma geração desiludiu por completo ao não conseguir o
apuramento para as meias-finais. Dos 18 convocados para esse torneio, 13
constam na lista de 21 que vão à Turquia.
Recentemente,
e em jeito de preparação para este Mundial, Portugal alcançou o quarto lugar no
Torneio de Toulon. Apesar de ter sido uma posição respeitosa, a intranquilidade
da equipa nos momentos finais do jogo e a dependência de João Mário foi
preocupante. Utilizando a competição para obsevar os jogadores em situação “real”
de jogo (e daí alguma irregularidada exibicional e falta de rotinas), Edgar
Borges divulgou os convocados uns dias depois do término do torneio, deixando
de fora a referência atacante desta geração ao longo de todos os escalões:
Betinho.
O avançado
do Sporting apresentou-se em Toulon a um nível muito baixo, transparecia que
andava em campo contrariado. Numa primeira fase, foram chamados para avançados
Aladje (grande surpresa em Toulon, talvez Edgar Borges não espera-se uma
afirmação tão rápida) e Gonçalo Paciência. Porém, este último lesionou-se e o
seleccionador chamou... um extremo (Ivan Cavaleiro) para o substituir. De resto,
uma convocatória normal e sem grandes surpresas. Talvez não convocasse Dabo
(Cancelo é o dono da lateral direita, e tanto Ié como Esgaio podem desempenhar
a posição) e incluisse mais uma opção para o ataque (aqui sim, sugeria Ivan
Cavaleiro).
Jogar em 4x3x3 com a referência no centro de jogo
José Sá será o guarda-redes titular, foi o que
ofereceu mais garantias em Toulon e vem de uma época em que competiu com
bastante regularidade.
Na defesa, Cancelo e Kiko são laterais que se envolvem com facilidade nos
movimentos ofensivos (mais o benfiquista), fortes no cruzamento e com
facilidade de drible. Ilori e
Tiago Ferreira são jogadores com
caracteristicas distintas, mas que se complementam. Enquanto que o primeiro é
forte na saída de bola e na dobra (em ambas as laterais), o portista fica
sempre responsável pela marcação ao avançado (se jogar com apenas um), onde a
sua capacidade de antecipação e marcação se revelam.
No centro,
outra das revelações de Toulon. No Belenenses passou uma época na sombra,
chegou à seleção como sombra de Agostinho Cá. Com este a um nível sofrivel, Ricardo Alves aproveitou todos
os minutos para se afirmar como trinco desta seleção, emprestando a sua
capacidade de física e de passe ao coletivo (estilo muito parecido com Miguel
Veloso). Apesar de apresentar na figura dois médios à frente do trinco, João Mário forma muitas vezes
uma linha de dois com Ricardo Alves, apenas em movimentos ofensivos. Sobre João
Mário, pouco existe a acrescentar. Apenas referir que tem corrigido a sua
principal lacuna, a falta de agressividade na recuperação de bola. Responsável
pelo “último toque” está Tiago Silva, uma das revelações da II Liga e figura do
Belenenses. Muito dotado tecnicamente, aparece com facilidade em zonas de
finalização.
Por último,
os atacantes. Bruma é o
fantasista, o craque que cria oportunidades e finaliza sozinho. Esgaio
o operário, aquele jogador que apesar de não entrar em loucuras, é extremamente
eficaz e cumpridor. Não entram em campo com alas defininidas, mas quando
jogaram juntos no Sporting B a equipa rendia mais quando Bruma jogava na esquerda
e Esgaio na direita. Aladje é
o típico pinheiro, fortissimo nas bolas aéreas (situação muito utilizada nos
lançamentos de guarda-redes e defesas, onde ganha a primeira bola em função do
posicionamento de Tiago Silva) e limitado com a bola nos pés, situação que
insiste em repetir durante o jogo.
Chegar longe não é um objectivo, é uma obrigação
Portugal
foi a seleção com mais sorte no sorteio. Além de ter ficado num grupo
extremamente acessível (não consumar 9 pontos será uma desilusão), o adversário
nos oitavos será o melhor terceiro classificado. Na ronda seguinte, o
adversário mais complicado poderá ser a Inglaterra. Só nas meias-finais
Portugal poderá encontrar um favorito. Por falar neles, além de Portugal também
Espanha (Suso, Delofeu, Jese) e França (Pogba, Kondogbia) se apresentam na
Turquia com conjuntos muito fortes. E atenção ao México (Corona).
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