A seleção portuguesa encontra-se
numa posição bastante delicada tendo em conta o apuramento para o Mundial 2014.
Fracas exibições, pior segundo classificado e opções muito limitadas, tudo
parece ser problema para Paulo Bento. Dizia Mourinho há uns dias, sobre o seu
futuro na seleção, que será impossível ganhar títulos com Portugal porque cada
vez existem menos jogadores portugueses. Declarações acertadas. Apesar de isso
estar a mudar (melhor exemplo encontra-se em Guimarães), a verdade é que a
aposta no jogador português a certa altura deixou simplesmente de existir. Mas
será que isso explica o actual estado da seleção?
Não.
No apuramento para o Euro 2012
Bento criou um núcleo de 20/21 jogadores que, jogando no seu clube ou não, eram
sempre convocados. Depois do Euro (sem ter em conta a chamada de André Gomes,
foi a última alternativa), ao invés de ir renovando gradualmente como fez a
França apostando em Pogba e Varane e a Holanda em Clasie e de Vrij, o selecionador
português continuou a chamar o seu núcleo duro, com jogadores em clara fase
descendente da carreira. Na última convocatória foram convocados quatro
centrais: Bruno Alves, Neto (titular no Zenit em detrimento de… Bruno Alves),
Pepe e Sereno. Qual a utilidade de Sereno na convocatória? Além de ser um
jogado de qualidade (muito!) duvidosa, não seria preferível convocar um jogador
como Ilori para se ir integrando sem pressas e para “beber” dos mais
experientes? Até pode não jogar, mas sinceramente parece-me mais produtivo para
a Seleção e para o próprio jogador cinco treinos com os “A” que cinco jogos nos Sub-20/21, onde não se
experimenta novas situações de jogo (jogos formação vs formação já tem muitos).
Existe muita qualidade por
potenciar em Portugal. E nem vou falar de Hugo Viana e Vítor, continuamente
postos de parte em detrimento de um médio do Benfica que alterna as paragens
por lesão com as péssimas exibições. Prefiro nomear Ilori, Cancelo, Tiago
Ferreira, Tobias, Fábio Cardoso, Miguel Rosa, Bruma, Ivan Cavaleiro, João
Mário, André Gomes, Gonçalo Paciência, Esgaio, etc. Bem integrados numa equipa
com Patrício, Veloso, Coentrão, Ronaldo, Moutinho e Nani só se pode esperar
algo promissor.
Saiba “quem manda” (e aqui já não
deverá entrar Paulo Bento) criar uma estrutura que permita gerir da melhor
forma tanto talento (aqui os clubes formadores também têm de ser cooperantes,
não desistir dos atletas é fundamental) e terá, daqui a alguns anos, Mourinho
mão de obra para conquistar algo bonito.