terça-feira, 7 de maio de 2013

Continua, Professor?


Se há tema que alimenta o dia-a-dia das peças jornalísticas dos jornais desportivos é a renovação (ou não) de Jesualdo Ferreira. Sempre com informações contraditórias (no mesmo dia Record e A Bola apresentavam informações totalmente diferentes) e sem a certeza do que escrevem, a verdade é que este é um dossier muito bem protegido pela direção leonina e pelo próprio treinador. Ou então, será que esta desinformação é sinal de que a própria direção ainda não tomou uma decisão? Não acredito. Por esta altura Bruno Carvalho e Jesualdo Ferreira já sabem qual será o destino do segundo. Realizando uma aposta meramente pessoal, acho que o Professor vai ficar. Porquê?

CONSENSUALIDADE – Jesualdo pegou na equipa em Janeiro e, na relação jogos disputados/pontos possíveis alcançou melhores resultados que os antecessores. Em termos de discurso tem sido realista e convincente, sem meios-termos no que diz e a colocar muitas vezes o dedo na ferida (arbitragens, atuações de jogadores, etc.). Por esta altura, tal como a sondagem realizada pel’O Jogo, a sua continuidade é consensual nas bancadas de Alvalade.


FORMADOR – Nos tempos no Porto Jesualdo trabalhou Quaresma, Lucho, Falcao, Hulk, Lisandro, etc. Em Alvalade não terá dinheiro para escolher “matéria-prima”, terá sim de potencializar os recursos atuais e futuros da formação. Um exemplo do bom trabalho de professor: a dupla Ilori-Rojo. Nos primeiros tempos com Jesualdo o argentino era fortemente contestado (tal como no resto da época), parecia muitas vezes desorientado em campo e pouco concentrado. Ilori nem na equipa B era um nome consensual entre os titulares. Atualmente formam das melhores duplas do campeonato, juntando altura, velocidade, capacidade de saída de bola e, principalmente, potencial. Falei desta dupla porque é o exemplo máximo, mas podia falar de Dier (sem ele a equipa perdeu equilíbrio), Cedric (antes da lesão em clara subida de rendimento), Rinaudo (deixou de ser o trinco todo o terreno para se tornar mais posicional – curiosamente o Sporting deixou de ser surpreendido em contra-ataque) e, claro, Bruma. Este e Carrillo (tem andado na incubadora) serão os que maior gozo dará a Jesualdo modelar.

RISCO – Além de que se não renovar com Jesualdo será alvo de imensas críticas, Bruno Carvalho não pode correr o risco de apostar num treinador que não lhe garanta estabilidade (que palavra interessante). Das duas uma: ou sai Jesualdo e contrata um treinador popular e de reconhecida qualidade (Jesus, Bielsa, …) ou aposta num “novo-Mourinho” (Fonseca, Vitória, …) que estará sempre dependente dos primeiros resultados. A aposta em Jesualdo não garante vitórias, mas certamente maior proteção à estrutura. Até porque a equipa principal não é o principal problema a solucionar.

Posto isto, seria altura de dar a minha opinião. Ainda não a tenho. Se é verdade que melhorou a qualidade individual e coletiva da equipa, a verdade é que se perderam muitos pontos de forma injustificável (em casa, empate com Guimarães e derrota contra Marítimo e fora derrota com o Estoril) e mesmo as últimas vitórias surgiram sempre nos últimos minutos. A sorte procura-se? Sim. O jogo só acaba quando o árbitro apita? Claro! Mas no Sporting idealizado por Bruno Carvalho os jogos não são resolvidos nos descontos, essa atitude dominatória tem de existir durante o jogo todo. Mas há uma coisa que tem de ser dita, o Sporting jogou de igual para igual com Porto e Benfica. E aí não foi por sorte, foi por mérito e trabalho. Uma decisão complicada tendo em vista o futuro do Sporting. Ninguém disse que ser presidente é fácil…