quinta-feira, 28 de março de 2013

Seleção Nacional, da teimosia de Bento à necessidade de renovação



A seleção portuguesa encontra-se numa posição bastante delicada tendo em conta o apuramento para o Mundial 2014. Fracas exibições, pior segundo classificado e opções muito limitadas, tudo parece ser problema para Paulo Bento. Dizia Mourinho há uns dias, sobre o seu futuro na seleção, que será impossível ganhar títulos com Portugal porque cada vez existem menos jogadores portugueses. Declarações acertadas. Apesar de isso estar a mudar (melhor exemplo encontra-se em Guimarães), a verdade é que a aposta no jogador português a certa altura deixou simplesmente de existir. Mas será que isso explica o actual estado da seleção?

Não.

No apuramento para o Euro 2012 Bento criou um núcleo de 20/21 jogadores que, jogando no seu clube ou não, eram sempre convocados. Depois do Euro (sem ter em conta a chamada de André Gomes, foi a última alternativa), ao invés de ir renovando gradualmente como fez a França apostando em Pogba e Varane e a Holanda em Clasie e de Vrij, o selecionador português continuou a chamar o seu núcleo duro, com jogadores em clara fase descendente da carreira. Na última convocatória foram convocados quatro centrais: Bruno Alves, Neto (titular no Zenit em detrimento de… Bruno Alves), Pepe e Sereno. Qual a utilidade de Sereno na convocatória? Além de ser um jogado de qualidade (muito!) duvidosa, não seria preferível convocar um jogador como Ilori para se ir integrando sem pressas e para “beber” dos mais experientes? Até pode não jogar, mas sinceramente parece-me mais produtivo para a Seleção e para o próprio jogador cinco treinos com os “A”  que cinco jogos nos Sub-20/21, onde não se experimenta novas situações de jogo (jogos formação vs formação já tem muitos).

Existe muita qualidade por potenciar em Portugal. E nem vou falar de Hugo Viana e Vítor, continuamente postos de parte em detrimento de um médio do Benfica que alterna as paragens por lesão com as péssimas exibições. Prefiro nomear Ilori, Cancelo, Tiago Ferreira, Tobias, Fábio Cardoso, Miguel Rosa, Bruma, Ivan Cavaleiro, João Mário, André Gomes, Gonçalo Paciência, Esgaio, etc. Bem integrados numa equipa com Patrício, Veloso, Coentrão, Ronaldo, Moutinho e Nani só se pode esperar algo promissor.
Saiba “quem manda” (e aqui já não deverá entrar Paulo Bento) criar uma estrutura que permita gerir da melhor forma tanto talento (aqui os clubes formadores também têm de ser cooperantes, não desistir dos atletas é fundamental) e terá, daqui a alguns anos, Mourinho mão de obra para conquistar algo bonito.

segunda-feira, 18 de março de 2013

História nas mãos de Jesus


Podia ser o sumário de uma catequese, mas o título não se refere a nada religioso. Quer dizer, para muitos adeptos estamos perante um profeta, alguém que irá mudar o rumo do seu clube. De facto, penso que se aproxima algo histórico no futebol português. O profeta chama-se Jorge Jesus, o clube é o Benfica.

Conquistando a Liga Portuguesa (tem um calendário bastante favorável em comparação com o Porto, além de que é motivante poder ir ao Dragão perder e continuar na liderança), a Taça de Portugal (só algo sobrenatural impedirá a sua conquista) e a Liga Europa (a par do Tottenham e Chelsea, que são equipas bastantes irregulares, o Benfica é o principal favorito), Jorge Jesus será o primeiro treinador da história do clube a ganhar as três competições na mesma época. Tudo depende dele. Não marca golos nem os impede, mas a sua gestão, ou seja, a forma como vai preparar táctica e emocionalmente as partidas será essencial para que os encarnados ganhem. E o que terá de ter em atenção?

1º GESTÃO DO PLANTEL: O ponto básico. Manter a frescura de alguns elementos será determinante para que a equipa não perca equilíbrio e competitividade. Artur, Garay, Luisão, Matic, Salvio e Cardozo são a coluna vertebral desta equipa, mas aposto em Lima como o joker desta fase final da temporada. Nem sempre será titular, mas é o tipo de jogador que em qualquer condição (sozinho ou acompanhado na frente, servido de costas ou de frente para a baliza, etc.) resolve um jogo. Destaco mais um jogador, Matic. Rezem os benfiquistas para que não se lesione nem seja suspenso (atualmente tem cinco amarelos na Liga, já com castigo cumprido), todo o esquema ofensivo tem Matic como farol, quando não jogou o Benfica jogou muito mal.

2º MANTER MOTIVAÇÃO: Manter todos os jogadores motivados, sem “birras” por não jogarem, e fazê-los entender que o cumprimento dos objectivos coletivos também os valorizará individualmente. Utilizar os jogos da Taça e outros “resolvidos” para lhes dar minutos e sentirem-se parte da equipa.

3º RELAÇÃO COM OS ADEPTOS: Utilizar conferências de imprensa e flash interview para passar um discurso populists (nisso Jesus é bom), juntar os adeptos em torno do clube, fazê-los encher o estádio e acreditar que é possível ganhar tudo! Será importante capitalizar as redes sociais e utilizar vídeos motivacionais, algo que o adepto apaixonado adora. Importante não criar atritos com o rival (JJ vs VP), será muito mais importante concentrar atenções na própria equipa.

Consiga Jorge Jesus controlar estas variáveis e Maio será um mês encarnado. Porém, não deixa de ser irónica que, por trás disto tudo, se jogue uma renovação…